A sigla DRM (de Digital Rights Management), que aqui no Brasil também é conhecida como GDD (Gestão de Direitos Digitais), não traz boas impressões aos usuários. E se você já comprou conteúdos digitais como ebooks, músicas ou filmes na Internet você provavelmente já teve contato com DRM. Entenda agora por que conhecer melhor este conceito é importante para você.
O que é DRM?
DRM é um controle de acesso a conteúdos digitais que implementa restrições ao uso, cópia e manipulação do conteúdo em questão. O objetivo para o qual ele foi criado é para proteger os direitos autorais destes conteúdos.
Através do DRM a empresa detentora dos direitos autorais consegue controlar o que você pode fazer e como. Por exemplo, pode controlar quantas cópias do conteúdo você pode usar simultaneamente, em quais sistemas pode usá-lo, e assim por diante. O DRM é mais usado em livros (ebooks), músicas e vídeos/filmes vendidos em formato digital, DVDs e também em smartphones (como é o caso do iPhone da Apple).
Você pode ver o DRM em ação ao comprar, por exemplo, um ebook na maioria das lojas online que temos hoje, como a Amazon, iBookstore, Livraria Cultura, etc. Você recebe um arquivo que contém o livro que você comprou, mas você não consegue abrí-lo em qualquer leitor de ebooks ou mesmo emprestá-lo para seus amigos. Além disso, na maioria dos casos você não pode imprimí-lo.
Por que o DRM é geralmente visto de forma negativa?
Para quem estava acostumado a usar mídias analógicas (como CDs mais antigos, fitas de vídeo, livros de papel) o uso de mídias digitais com DRM traz um controle indesejado.
Antes, você podia emprestar seu livro de papel a um amigo. Ele lia e depois te devolvia. Você podia ripar o seu CD, colocar os arquivos no seu MP3 player, no computador, emprestar o CD pro seu amigo, etc.
No caso das mídias digitais com DRM, só você consegue usar aquele conteúdo, e somente da forma como a empresa o libera. Por exemplo, se você comprou um ebooks com DRM, leu e gostou, você não consegue emprestar aquele livro para o seu amigo (a não ser que a livraria/loja/editora forneçam de alguma forma esta funcionalidade). Se você copiar o arquivo para o seu amigo, ele não conseguirá abrí-lo por causa do DRM.
Em alguns casos, você nem consegue fazer a cópia de segurança de sua mídia, como é o caso de vários DVDs de filmes e software que possuem proteção contra cópia.
Mas afinal, o conteúdo digital que eu compro é meu?
A explicação para a diferença entre o uso das antigas mídias analógicas e dos novos conteúdos digitais é que antigamente você comprava um produto, ela era sua. Ou seja, você comprava o livro, aquele item era seu, você fazia com ele o que quisesse: lia, emprestava, doava, revendia, etc.
No entanto, você não possui os conteúdos que compra em formato digital. É verdade! O ebook não é seu, por isso você não pode fazer com ele o que quer. Basta ler os termos de uso das lojas online, dos softwares, etc.
Os conteúdos digitais são licenciados para os usuários. Ou seja, você adquire uma licença de uso, e com essa licença vem as limitações. Por exemplo, se você compra um ebook na loja da Amazon, você só poderá ler esse ebook num leitor autorizado pela Amazon, ou seja, no Kindle ou no aplicativo Kindle que estiver registrado com o mesmo usuário que você usou na compra do ebook. Mesmo que você tenha um leitor que abra outros formatos incluindo o formato de livros da Amazon, você não conseguirá abrir o livro nele por causa do DRM.
Vale ressaltar que a Amazon permite o empréstimo de livros eletrônicos, mas por enquanto apenas para usuários americanos, e o livro só pode ser emprestado uma única vez. Ou seja, o que você pode fazer com o conteúdo não depende da sua vontade, mas sim da licença que você obtem para usá-lo.
O pesadelo do DRM
O DRM foi criado para barrar a pirataria, mas na prática quem ele mais prejudica, na minha opinião, é o usuário honesto que compra o conteúdo digital. Quero deixar claro que eu não aprovo a pirataria, e na minha opinião o detentor dos direitos autorais tem o direito de proteger sua obra contra cópias e uso ilegal. Mas a forma como o DRM foi implementado mais incomoda o usuário do que o pirateiro.
Vou dar um exemplo com um caso que aconteceu comigo. Eu costumava comprar ebooks há anos na loja eReader.com e lê-los nos meus antigos Palms e depois no iPhone e iPad, através do aplicativo disponibilizado pela loja. Essa loja foi comprada pela Barnes & Noble há alguns anos e foi sendo desmontada aos poucos, até ser completamente desativada.
Resultado: eu possuo hoje mais de 300 ebooks, legalmente comprados nesta loja, e só posso lê-los nos aplicativos da eReader (eles migraram os usuários residentes nos Estados Unidos para a loja da Barnes & Noble, mas os usuários internacionais ficaram a ver navios).
Estes aplicativos não serão mais atualizados e a tendência é que cedo ou tarde eles deixem de funcionar, assim que alguma incompatibilidade com algum novo sistema operacional surgir, por exemplo. Isso sem falar que não é possível abrir estes arquivos em leitores digitais como o Kindle ou Kobo.
E por que eu, que paguei pelos ebooks, não consigo usar os arquivos em nenhum outro lugar? Por causa do DRM. A loja colocou uma proteção nestes arquivos que fazem com que os outros e-readers ou aplicativos não tenham como saber que eu sou a legítima usuária, que pagou por eles, pois somente o aplicativo da eReader está preparado para identificar isso.
E isso que aconteceu comigo pode e provavelmente acontecerá novamente com muitos outros usuários. Afinal, quem garante que todas as lojas de ebooks estarão por aí daqui a 5 ou 10 anos? E o que acontecerá com os ebooks que você comprou legalmente, mas que se estas lojas forem extintas deixam de ter leitores de ebooks que possam abrí-los? Tornam-se inúteis…
Para esta situação acaba restando uma única solução: remover o DRM dos arquivos.
É possível remover o DRM dos conteúdos digitais?
Na grande maioria dos casos, é possível sim remover o DRM dos conteúdos digitais, e existem vários aplicativos que fazem isso em arquivos de músicas, filmes, ebooks, smartphones (também conhecido como jailbreak), etc.
Mas há uma grande polêmica em torno deste assunto. A maioria dos sites que vende conteúdo digital deixa claro nos termos de uso que o usuário não pode remover o DRM dos arquivos. Além disso, o uso do arquivo do qual o DRM foi removido pode ser caracterizado como pirataria ou violação de direitos autorais, dependendo das cirscuntâncias deste uso (é preciso estudar as leis de sua localidade a este respeito).
Se você mora dos Estados Unidos, a simples remoção do DRM já é caracterizada como uma infração, pois há uma lei contra isso.
Portanto, por melhor intencionada que a pessoa esteja, ela pode estar infringindo alguma lei ao remover o DRM e usar os arquivos desbloqueados, principalmente se distribui-los, tome cuidado com isso.
Concluindo…
O fato é que DRM não consegue ser efetivo no seu objetivo, que é inibir a pirataria. Quem quer piratear, acaba conseguindo acesso ilegal ao conteúdo digital de um jeito ou de outro. Mas o DRM incomoda muito o usuário honesto, e na minha opinião pode até desencorajar a adoção de conteúdos digitais.
Afinal, quem já não ficou desanimado em adotar livros eletrônicos (ebooks) ao ver a quantidade de lojas virtuais vendendo livros em formatos diferentes para leitores de ebooks diferentes que não podem ser intercambiáveis? Você compra um Kindle, você fica “amarrado” com a loja da Amazon. Se quiser comprar em outra loja, terá que ler em outro leitor de ebooks.
É importante ter tudo isso em mente se você estiver pesquisando para comprar um leitor de ebooks como o Kindle, Kobo ou Lev. Você não vai escolher só o aparelho, mas acabará por escolher também a loja e os serviços aos quais você terá direito. Fique atento e avalie bem para escolher o que for melhor para você.
Esse é um imenso lob criado para tirar a liberdade das pessoas mas nesta era não permitiremos que sejamos violados.
oi cris muito bom este artigo estava procurando essa informação! ainda tenho alguns questionamentos, pois por exemplo a saraiva permite seis downloads, mas qual o critério? posso baixar eu no meu tablet e minha amiga no not dela minha mãe no tablet dela? ou só posso fazer o download nos meus dispositivos? e se for assim como sabe a loja q são meus os dispositivos? enfim acredito que é no minimo injusto a loja cobrar quase o mesmo valor de um livro físico por um digital, pois como tu falou no artigo não estamos adquirindo um produto como adquiríamos o livro físico, que era nosso pra vender em sebo, emprestar ou guardar para o resto da vida no nosso livreiro. Se eles estão me vendendo somente o direito de ler o livro é como se fosse um empréstimo da publicação o que torna totalmente inviável por exemplo pagar 150 reais em um livro digital sendo que o físico q estará mais disponível e sera meu custa 20 reais mais caro. Se as lojas, ou sei la qm q coloca os preços nos e-books, pensassem mais amplo perceberiam q baixando o preço a metade do preço do livro físico venderiam mais livros digitais assim como mais tablets e leitores! aguardo ansiosamente a resposta sobre os downloads permitido pelas lojas, beijos!
Juana, pelo que eu entendo, os seis downloads são downloads em seis equipamentos simultâneos, mas não tenho certeza (na Amazon eu sei que são cinco simultâneos). Na dúvida, acho que é melhor você perguntar pro suporte da Saraiva, para garantir. O problema de outras pessoas que não sejam você baixarem o seus ebooks é que para isso elas precisarão do seu usuário e senha. Além de você ter que compartilhar esta informação delicada, elas não poderão usar seus próprios usuários e senha, pois cada aplicativo ou e-reader só pode ser registrado com um único usuário e senha.
Concordo contigo sobre ser injusto o valor dos ebooks e o fato de que cada loja cobrará novamente se eu quiser comprar o mesmo ebook para ler num outro dispositivo. Na loja americana da Amazon nós vemos maiores diferenças entre o preço de ebooks e de livros impressos (há exceções, mas a regra geral é uma diferença um pouco maior do que vemos aqui no Brasil). E sim, também concordo contigo que falta visão para as editoras, que querem de qualquer jeito lutar contra os ebooks ao invés de abraçá-los e ganhar dinheiro com eles (um lucro menor, mas que daria maior valor se vendesse em maior quantidade, como você bem disse).
Obrigada pelo comentário!
Abraços!
Ótimo artigo.
Fiquei um pouco frustado pelo fato de não poder emprestar o meu livro para os meus amigos ou doá-lo. Por este motivo que as pessoas são relutantes aos livros físicos, prática esta que não contribui nem um pouco com o meio ambiente com a crise que vivemos hoje.
Após pesquisar muito, comprei um Kindle (a versão mais simples, está chegando ainda) e farei os testes se vou me adaptar a este conceito de leitura.
Um abraço!
Luciano, concordo contigo, eu também acho frustante não poder emprestar ou doar um ebook já lido. Há uma luz no fim do túnel sobre isso, pois este assunto vem ressoando bastante principalmente na Europa. Há rumores de que a Sony esteja trabalhando em um DRM que permite revender um ebook comprado. Quem sabe as coisas podem mudar (na minha opinião, elas tem que mudar!).
Espero que você curta o seu Kindle, e fique à vontade para postar sua opinião ou dúvidas que você tenha.
Um grande abraço!
Parabens pela sua materia, gostei muito. Como nao tem ainda DRM vou partilhar 🙂
Concordo com a sua opinião. Para mim era facil resolver o problems. Porque nao tratar esses conteudos como fazemos com os livros fisicos. Não deixavamos que fosse copiado para o proteger mas por outro lado estava acessivel em qualquer lado como arquivo unico. É como um livro fisico enquanto empresto ele fico sem ele mas o meu amigo quando ler devolve me.
Quando tivesse disponivel na aplicacao da loja na nossa conta ele ficava com capacidade de multiplicar se nos outros aplicativos da nossa conta.
Estas restrições que vim a saber por você nao m animam nada para comprar ebook.
Ate breve.
Pois é, infelizmente ainda há muito o que evoluir no mundo dos ebooks. Para mim, pessoalmente, os ebooks oferecem muito mais vantagens do que desvantagens, mas eu ainda não consigo aceitar o fato de que eu simplesmente não posso emprestar um ebook para um amigo. E com a tecnologia, isso seria muito fácil de permitir e até mesmo controlar. Afinal, eu poderia simplesmente informar o usuário do meu amigo, e pronto, lá está o ebook para ele ler, mesmo se ele estiver longe. E eu aceito que as lojas poderiam até colocar limitações como por exemplo, eu poderia emprestar para um único amigo por vez, ou até mesmo que este ebook poderia estar disponível para ele por um período limitado (até um mês, por exemplo). Mas nem ter esta possibilidade, é inacreditável.
Olá Ro301,
existem pelo menos três tecnologias que para contornar o “empréstimo” de ebooks. A primeira foi desenvolvida para bibliotecas. A biblioteca comprava o livro que poderia ser emprestado X vezes por períodos de Y dias e depois desses X empréstimos o livro ficava “velho” e não poderia ser utilizado. A segunda é o uso de marcas d’águas. Ao contrário de marcas d’águas de livros impressos as marcas d’águas eletrônicas são realmente invisíveis ao usuário (e.g. um arquivo dentro do EPUB, que na verdade é um arquivo ZIP renomeado, que não é mostrado ao usuário). Um ebook com marca d’água não possui DRM e você pode utilizar no aparelho que desejar e digamos emprestar para seu amigo mas NÃO pode colocar em uma rede P2P (e.g. torrent). Se você colocar o ebook em uma rede P2P a marca d’água possui informações suficientes para lhe identificar e servir como prova inicial para um processo jurídico contra você por pirataria. A terceira é uma patente que a Apple divulgou nos últimos dias.
Excelentes informações, Raniere, muito obrigada!
Oi Cris, Eu adquiri um um Kindle Paperwhite há pouco mais de uma semana e estou satisfeitíssimo com o novo “filhote”. Na época que estava pesquisando qual ereader adquirir eu ponderei muito esta questão do DRM e também a saúde financeira das empresas por trás do aparelho exatamente para não ter perdas a curto prazo.
No começo de minhas pesquisas eu tinha uma tendência a comprar o Nook (da Barnes&Nobbles) mas por fim abracei a Amazon.
Felizmente fiz isso pois a julgar pela situação da B&N, divulgada na media nestes últimos 2 dias, tavlez o Nook não sobreviva mais do que um ou dois anos. Ou seja, quem se amarrou a esta empresa poderá cair na situação que você esteve com o ereader.com bem rápido.
Vida longa e prosperidade à Amazon e parabéns pelo seu blog.
O Link abaixo aponta para o google News com várias notícas sobre o Nook e as últimas notícias abordam exatamente a situação atual da franquia.
https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&gl=br&tbm=nws&q=nook&oq=nook&gs_l=news-cc.3…1169.1194.0.1975.4.2.0.0.0.0.0.0..0.0…0.0…1ac.1.
Wellington, você tocou numa questão muito importante: mesmo as “grandes” não estão seguras de cair. Eu confesso que fiquei um pouco espantada quando as notícias sobre as dificuldades da B&N começaram a surgir, principalmente pelo fato de ela já ter um e-reader e loja digital para poder, em teoria, encarar a queda das vendas dos livros impressos. Mas não está adiantando.
Quando eu comecei a usar a app do Kindle no meu iPad, eu também instalei a do Nook, e acabei indo pra Amazon pois quase todos os ebooks da B&N na época só podiam ser comprados com cartão de crédito americano, e isso não acontecia com a Amazon, onde eu consegui comprar praticamente tudo o que eu procurei.
E uma coisa que eu percebi recentemente sobre a Amazon é como ela está liberando as funcionalidades do Kindle físico para as apps, dando um foco maior aos usuários que preferem ler seus ebooks no computador, tablet ou smartphone. Ou seja, a mentalidade da Amazon está bem ajustada, aparentemente para eles não importa se você tem um Kindle ou um iPad ou um Nexus: o que importa é que você compre os ebooks lá.
Vida longa e prosperidade à Amazon, com certeza 😉
Muito obrigada pelo seu comentário!
Um grande abraço!
Oi Cris, a respeito do DRM, no caso de formatação do celular como proceder.
Mantenho ativado?
Um abraço!